Ah...a gastronomia...comer nesses tempos modernos, é quase uma arte digestiva, na qual todos os sensores do corpo humano querem transformar o alimento, na poesia da glutonaria...(Meu Deus será que existe tal verbete?).
Apesar de a música ser das artes abstratas, a minha preferida, a culinária talvez seja a que mais use a nossa sinestesia como instrumento de indução. Um transporte virtual composto de cheiros e sabores que transladam a alma desses pobres e famintos mortais aos Campos Elíseos da fome sensorial.
Assim como o poeta alimenta a fome literária dos leitores, o mestre cuca, ou chef, ou os profissionais da cozinha, temperam nossas entranhas com as pápricas e alecrins que tão vorazmente absorvermos em nossa cruzada intelectual e gastronômica.
Bom apetite à todos!!!
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O cheiro da nossa vida
Vida é panela
Arremessam-se temperos
Regula-se a chama
Refoga-se o gênero
Não esquece da canela.
Colher de pau
Movimenta-se matreira
Naquele caldo de romance
Onde a fumaça é faceira
Cozinha banhada em nuance.
O alho dá o toque
Condimenta a confusão
Dos odores da receita
Do agridoce ao algodão
E o nariz só na espreita.
Na mistura multicor
O coração fica oculto
Só aprovamos o sabor
Quando o olhar persuasivo
Fica com tom de resoluto.
A mão vagueia
No abdome compulsivo
Um glutão caricato
Falastrão da mesa posta
Implorando por mais um prato.
Por: Mauricio Legionario Soares
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