Mais um blog de poemas?

A poesia como arte, objetiva o quebrar das correntes dos formalismos técnicos e acadêmicos que nossas profissões nos impõem, tornando a leitura poética, uma viagem ao éden do pensamento humano e dos prazeres para saciar a fome literária.

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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Estilo literário e movimento literário, e mais poemas!

Boa Tarde leitores!!

O desenvolvimento artístico e redacional de uma obra literária passa por vários processos de execução. Uma vez que o autor tem a compreensão das etapas da formação estrutural de um texto, a interpretação e os conhecimentos de gramática, lexicografia, semiologia, etimologia, auxiliam o mesmo, para que consiga discorrer sobre determinado assunto, se assim suas capacidades e aptidões estiverem embasadas em seu currículo acadêmico (quando assuntos técnicos e práticos), ou em sua licenciatura, quando a obra é de cunho artístico literário.
Mas e nós escritores autônomos e autodidatas? Podemos nos apoiar em que, para embasarmos as nossas obras? Em conhecimento empírico, já que não temos diplomas ou doutorado em Letras? Difícil né?
Apesar de buscarmos conhecimento e informações, nas mais diversas fontes, ainda ficará faltando sempre algum elemento que credencie nossa obra a fazer parte do universo literário.
Estive refletindo por esses dias, como eu classificaria minha própria obra, em qual movimento literário minhas poesias se encaixavam?
Esse questionamento me foi feito, por várias pessoas que gostam de poesia, talvez por se perguntarem também, em qual segmento suas obras se classificariam.
Essa dúvida repetitiva vem de uma cultura pós-moderna de uma sociedade que se classifica a todo o momento. Somos classificados quanto à nossa religião, posição política e sexual, time do coração, questões ambientais e outros segmentos que por assim, se apresentarem em nosso caminho. Transformamos-nos em um produto do estado, com rótulo e prazo de validade! Sim prazo de validade, já que os valores de um mundo globalizado se reciclam constantemente.
Acredito que como poetas iniciantes, não podemos nos apegar a um estilo, uma vez que para isso acontecer, muitas variáveis deverão ser colocadas em prática pelos neófitos, a começar por uma leitura que se paute na diversificação de conteúdos literários, para que se possa ampliar o universo linguístico. Afinal não há como fazer uma classificação de um trabalho que se prendeu em determinado segmento, a não ser à aquele o qual o próprio autor tenha escolhido ou influenciado.

Quanto ao meu estilo? Deixo para as mentes de meus ávidos leitores decidirem!
Boa leitura para todos!!

Dai-nos os papiros

Os livreiros...
Que no vindouro ano
Chegaram em primeiro
Com estórias do profano
Na bagagem expropriaram
Um vocábulo Lusitano.

Trouxeram tantos livros
Semelhantes a geógrafos
Percorrendo em ligeiro
Com o traço do aerógrafo
Nosso Brasiliano cérebro
Com o brasão do litógrafo.

Trouxeram também com eles
A guerra, o romance, a ficção
Uma bomba que explodia verbos
Uma garrafa de erudição
Tantos goles na poesia
Mil pronomes na narração.

A vida sem livros
É terra sem estrume
Oca sem índios
Amor sem azedume
Cegos sem castelo
Fazenda, sem urdume.




Das respostas e das perguntas

Quantas pedras?
Atirei no ontem
Quantas ondas?
Formaram-se no amanhã
Eu jantei com a hipocrisia
Debati com a melancolia
Deitei sonhos nos ombros do divã.

Não consegui responder
Se esse oceano
Foi chorado por crianças
Não quis degustar
O sabor do pranto das lembranças
Sei que elas brincavam
No parque adulto da ignorância.

Eu só sei...
Que cada castelo
Tem várias entradas
Romanceadas ou fictícias
Todas com fúria e primícias
E as únicas que me consomem
Numa fome escancarada
São as portas da guerra
Pois são vigiadas pelo homem.




Essa mesma estação

Vestida de vinil
A primavera se vai
Me parece que adoeceu
Viu o mar acinzentado
E em fuga, fugiu.

Levou consigo
Flores, frutos e cromo
Amarrou nas costas
As virtudes do sono
Não disse adeus ao amigo.

Que em seu retorno
Traga os pincéis e tintas
Junto com a palheta
E como a natureza imita
Reveste a terra com seus adornos.




Atemporal

Cerzido ou costurado...
O passado foi construído
Por mãos do futuro
Ligados a pés de currupira
Contrariando o roteiro
Que deveria ser seguido

E a malha do futuro...
Com falhas e pontos falsos
Em bocas de profetas
Nascidos em tubos de ensaio
Arrematando seu traçado
Nos textos dos exegetas.

Não existe presente...
Flui direto do abstrato
O futuro assina o passado
Assim que o concreto finda
E a percepção do imaterial
Dança fados no vazio espaço.

E foi nesse onirismo que eu...

Perdi!
Minha coleção aleatória
De palavras invertidas
Achei!
Meu amontoado catastrófico
De verbetes alusivos
Construi!
Um falso oratório
De preces imploradas
Destrui!
Claudicante amor
Que me lançava ao nada.







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