Mais um blog de poemas?

A poesia como arte, objetiva o quebrar das correntes dos formalismos técnicos e acadêmicos que nossas profissões nos impõem, tornando a leitura poética, uma viagem ao éden do pensamento humano e dos prazeres para saciar a fome literária.

Termos de Uso

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Poemas de hospital

Olá queridos leitores!!!

Todo poeta precisa ter sua fase de introspecção!!
Sabe aqueles momentos onde a funcionalidade do cérebro está em plena capacidade de aliar o profundo ócio profissional, com o transbordamento de textos, ideias e outras loucuras! Pois bem, é por aí!
É incrível como os lugares mais tristes, onde o sofrimento e a dor tem a sua equação elevada a milésima potência podem ainda assim, criarem inspiração em um poeta. E não é que esse seu narrador passou por um processo de depressão ao fazer companhia ao pai que foi hospitalizado recentemente.
As reações químicas que o cérebro processa nesse período, fazem com que nosso corpo, tenha uma determinada resposta à uma adversidade, e é lógico que muitos fatores fazem a diferença nesse ponto, o equilíbrio emocional, a estabilidade familiar, os relacionamentos afetivos que transcorrem de maneira amigável e salutar, auxiliam no processo de superação de enfermidades.
O processo de produção de poemas e outras formas literárias, me auxiliaram de forma inestimável, não só a matar o tempo, mas também como terapia desse meu paciente, que pode ouvir o filho declamar o remédio, que em hospitais e outros "logradouros" destinados a saúde, estão sofrendo a carestia e a introdução desse novo método de tratamento.
A seguir: os poemas que foram criados em ambiente hospitalar, mas engana-se quem acha que a temática segue a vertente da enfermagem e da medicina...Leiam!!!!

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Terra Madre

Em Lisboa...
O vento sobe escada
No mar, trafega a espada
Que no oceano
Leva embora minha amada.

Em Coimbra...
Bandeira tremula soberana
No cais, aporta a soprana;
Que feliz...
Navega em marola mundana.

Em Porto...
Fidalga, mergulha faceira
Barracas de uvas na feira
Tece vinho
Das uvas da melhor videira.

Este berço lusitano
Pariu a nossa língua;
Moldou nosso poema;
Semeou a alma fugidia
E nem a corte de Dom João
Se conseguiu fazer exímia.




Miércoles

Flores são janelas
Abrem-se no fulgor
São primaveris por natureza
Espólios do nosso amor.

São terças as minhas rimas
Na quarta vem teu calor
No engate da quinta termina
Em sextas, brilho do seu valor.

Olha esse coração!
É um ventilador de poesias
Vive ventando emoções
E do amor sofre a carestia.

Sabe-se que tem forma;
Cheiro, sabor e afeição
Sabe-se que caduca, exita
Sofre déficit de atenção.

Mas, consegue tu explicardes:
O motor da canção!
É abstrato, é astuto
Irradia e tem ação
Valoroso como atleta
E batedor, é o coração.




Fabricador

Faz erguer em alto mar
Bandeira das sublimações
Amores em profana idade
Vultuoso e necessário
Cálice da tenacidade.

Faz surgir a flor de lis
Desenho trino em lapela
Da nascente de sua raiz
Me admira de tão bela
Jubilante me faz feliz.

Faz de mim, anjo sem asas
Um Ícaro com asas de tijolos
Pois é em terra que se ama
No Meridiano dos teus polos
Na viscosidade de tua cama.

Isso são flores
Atiradas no ventilador
Perfume destampado
Destilando lágrimas
No meio de um Equador.

Cateter intravenoso
Injetando meus poemas
Nas curvas do seu Arpoador
Purê de Elisabete
Fraturando as lâminas
Do meu liquidificador.




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